ECM + Borandá

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Por volta de 1990, quando com 21 anos trabalhava como estagiário de engenharia e comecei a ganhar um troco, as lojas de disco que existiam em São Paulo estavam substituindo seu estoque de vinil pelos CDs. Eu ainda não tinha CD player, mas tinha um toca discos e fitas cassete. Com o troco que sobrava no mês, além de gastar na cerveja, comecei a comprar discos de vinil nas promoções da Hi Fi e do Museu do Disco.

Na época, a EMI lançava no Brasil os LPs da ECM. Eram pérolas do Egberto Gismonti (em setembro lançaremos um álbum duplo inédito gravado ao vivo em 1980 chamado “Carta de Amor”), Pat Metheny, Chick Corea, Jan Garbarek e vários outros mestres. Entre eles também o Ralph Towner (que faz show produzido pela Borandá no dia 14 de setembro no SESC Pompéia, e um workshop na Casa da Borandá no dia anterior, em breve, mais notícias).

Os discos da ECM (alguns tenho até hoje) fizeram parte da trilha sonora da minha vida. Na realidade, eles me permitiam criar um lugar, que era um sonho na época, de um mundo musical, de uma vida musical, que ressurge mais de 20 anos depois, mais forte e clara que nunca.

Por isso e por outras, é uma honra e uma curtição poder representar o catálogo da ECM no Brasil, e também poder interagir e trabalhar com alguns dos artistas que ainda hoje povoam meu imaginário, que sempre espera ativamente por um mundo melhor, com mais música…

Facilitar o acesso a estes sons é o que está a meu alcance para compartilhar com vocês esta paixão que tenho pelo tipo de trabalho realizado pela ECM. Não apenas pela música que eles foram capazes de registrar nos últimos 43 anos de historia (o primeiro disco foi “Free at Last” de um pianista de free jazz Mal Waldron, gravado em 1969, que é também o coincidentemente, o ano de meu nascimento).

Admiro a ECM também pela consistência e seriedade com que a música é tratada através dos anos. A ECM ainda é uma gravadora independente (apesar de ser distribuída nos EUA pela Universal), e que lança de 5 a 6 títulos todo mês, agora também com trabalhos de música clássica/erudita.

Pouca gente dá o devido valor e entende o quão importante é, além da música, um trabalho que tem a responsabilidade, perseverança, primor de execução e seriedade que a ECM acrescenta na musica. Mas a prova de que isso dá resultado está aí, com mais de 1000 títulos e 40 anos de história, que devem se estender por muito mais tempo. Quantas gravadoras ou produtoras no Brasil têm esta longevidade? Por que e como eles conseguiram isto? Uma das respostas é: muito, mas muito trabalho e quase uma teimosia positiva, em fazer algo que ninguém acha possível. Pouca gente em nosso meio faz estas perguntas, que são fundamentais para que nós aqui possamos sonhar em um dia ter nossos trabalhos sobrevivendo ao tempo, mas mesmo assim, cada vez melhores e mais relevantes.

Espero que vocês gostem e encontrem nestes álbuns da ECM algo que os façam lembrar um tempo ou um lugar que não existem no mundo, mas existem e sempre existirão na música.

www.boranda.com.br/ecm

Abraços e beijos,
Fernando e equipe da Borandá

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